Hoje o IBGE divulgou o IPCA com relação ao mês de setembro. O consenso de mercado era de que a inflação deste mês fosse de -0,34%. Contudo, o resultado apresentado foi uma deflação de 0,29%. Com isso, a inflação acumulada em doze meses passou de 8,73% para 7,17% (queda de 1,56 p.p). Mesmo que o resultado tenha sido abaixo das expectativas, ele foi positivo para o ciclo de inflação.
Esta foi a terceira marcação seguida de deflação dada pelo IPCA. Comunicação (-2,08 p.p) e Transportes (-1,98 p.p) foram os grupos que mais seguraram o índice no período.
Estes ainda refletem as medidas da Lei Complementar 194/2022, em que houve a aplicação da alíquota do ICMS pelo piso para combustíveis, transporte coletivo, energia elétrica e comunicações. Além disso, com relação aos transportes – em decorrência do peso de combustíveis, principalmente gasolina, dentro do índice-, há um grande efeito dos cortes de preço realizados pela Petrobras.
Entretanto, diferente dos últimos meses, o grupo de Alimentos e Bebidas apresentou deflação de 0,51%.
Este foi puxado pela queda de alimentação em domicílio (-0,86 p.p). Vale ressaltar que esta queda do grupo é a primeira desde novembro de 2021.
Cíclica e Estrutural
Desta forma, os efeitos cíclicos da inflação, causados por alimentos e combustíveis, aparentam estar cessando.
Assim, a projeção de inflação feita pelo Banco Central e a expectativa do mercado começam a convergir, o que corrobora com o fim do ciclo.
Segundo a última ata divulgada pelo Copom, a projeção para o ano é de 5,8%. Enquanto isso, a expectativa de mercado, monitorada pelo BCB, se encontra em 5,7%.
Por outro lado, há um ponto de atenção sobre o IPCA: os preços de serviços.
O alto nível de atividade interna, dada pelo crescimento do PIB, faz com que exista uma pressão sobre o mercado de trabalho, ou seja, cria-se uma inflação estrutural na economia brasileira. A alta do grupo Despesas Pessoais (0,95 p.p) foi puxada pelo aumento dos serviços bancários (1,56 p.p). Além disso, serviços ligados ao turismo, como hospedagem (2,88 p.p) e pacote turístico (2,30 p.p) também subiram. Em síntese, a inflação deve seguir a trajetória de convergência. Contudo, há uma pressão causada pelo aquecimento do mercado de trabalho. **Todavia, como o Copom já sinalizara em outras ocasiões, mesmo com o arrefecimento, um afrouxamento da política monetária não deve ocorrer nos próximos meses**. A projeção é de que o fim do ciclo de juros só deva se inicializar a partir do segundo semestre do ano que vem.
Fonte: Levante
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