Varejo X ‘bets’

Os brasileiros deixaram de gastar em compras no comércio ao longo de 2024 cerca de R$ 100 bilhões por causa das apostas online. O valor representa cerca de 3,3% do faturamento total do varejo registrado no ano passado, que foi de R$ 3,3 trilhões. Os dados são de um novo estudo da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo).

Quando o Jogo Vira o Jogo: Como as Apostas Online Alteraram o Consumo em 2024

O Brasil viu R$ 100 bilhões migrarem do varejo para o mercado de apostas esportivas em 2024, segundo dados da CNC – Confederação Nacional do Comércio. Esse número não um dado de aposta, é um sinal de que o comportamento do consumidor está mudando, e rápido.

Se antes o orçamento familiar era dividido entre farmácias, supermercados e lojas de vestuário, hoje, uma nova categoria entrou no jogo: as *bets*. E esse novo hábito tem deixado um impacto profundo no caixa do varejo.

O Novo Jogador em Campo
“O bolso do consumidor é um só”, explica Felipe Tavares, economista-chefe da CNC. E, em 2024, esse bolso encontrou um novo destino. Enquanto o varejo faturou R$ 3 trilhões no ano, o impacto das apostas foi sentido em todas as categorias – de carros a cestas básicas.

A pesquisa da SBVC – Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC) confirma: 63% dos apostadores mudaram seus hábitos financeiros, com 23% deles reduzindo compras de roupas e 19% diminuindo gastos em supermercados, em alguns casos, deixaram até de pagar mensalidades escolares para apostar.

E o varejo sentiu. Redes como Grupo Carrefour Brasil C&A Brasil Magazine Luiza Lojas Renner S.A. Riachuelo Lojas Marisa .Esse comportamento limitou um desempenho que poderia ter sido ainda mais favorável para o setor.

O Bradesco já incluiu o hábito de apostas em análise de crédito para compor o score. Os bancos e CFI’s das varejistas acima mencionadas, devem fazer o mesmo logo mais, se é que ainda não adoraram esta prática.

A Fome por Consumo vs. A Sede por Sorte

No veia desse fenômeno está um desejo de transformação rápida. O mesmo impulso que leva alguém a investir em um novo look ou eletrodoméstico agora direciona cliques para plataformas de apostas, incentivadas por campanhas publicitárias milionárias e influenciadores. Em 2023, o setor injetou mais de R$ 2 bilhões em mídia e consolidou sua presença no imaginário popular.

Mas esse jogo tem um custo. Estudo do Instituto Locomotiva revela que 52% das famílias das classes D e E desviaram gastos essenciais para sustentar suas apostas. Proteína virou boleto. Lazer virou planilha de odds.

E Agora? A Regulamentação e o Futuro do Varejo

Com a regulamentação das apostas entrando em vigor em janeiro de 2025, o setor passa a ser tributado e mais controlado. Mas será suficiente para frear o apetite pelo risco?

Para o varejo, o desafio é reconquistar um consumidor cuja atenção está dividida entre ofertas relâmpago e apostas instantâneas. A saída passa por reinventar estratégias: campanhas mais personalizadas, programas de fidelidade mais robustos e, acima de tudo, uma comunicação que ressoe com o momento emocional do consumidor.

O jogo virou. Agora, o varejo precisa virar o jogo de volta.

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