O Brasil é um país obcecado por genialidade. Desde que venha com legenda em inglês e link pra Harvard

O Brasil é um país obcecado por genialidade. Desde que venha com legenda em inglês e link pra Harvard. Foi assim com a Bel Pesce. Está sendo agora com a Laysa Peixoto.

A fórmula é sempre parecida: uma narrativa com ritmo de TED Talk, feitos difíceis de verificar e uma imprensa que trata o release como apuração.

No caso da Laysa, tem um feito real: ela de fato descobriu um asteroide aos 18 anos, num programa ligado à NASA. Mas carreira como astronauta, pesquisa liderada na agência, mestrado em Columbia, missão espacial com empresa que não tem autorização de voo? Nada disso se sustenta. NASA negou. UFMG negou. Columbia negou. FAA nem sabe da existência da tal missão.

Ainda assim, ela virou speaker em eventos de prestígio, foi citada como promessa pela Forbes, foi destaque em executive programs… E ninguém checou. As credenciais eram boas demais. Quem teria coragem de estragar a festa com um ctrl+F?

O desespero por heróis nacionais é tanto que a checagem de fatos se torna quase ofensiva.

No fim das contas, o storytelling ainda é o produto mais fácil de vender no Brasil. Inclusive para a imprensa. Principalmente para a Forbes e seu 30 under 30.

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