Estou gostando de ver o tom que a mídia encontrou para tratar das acusações de “assédio sexual”.

Estou gostando de ver o tom que a mídia encontrou para tratar das acusações de “assédio sexual” (no sentido leigo da expressão) contra o Ministro Sílvio Almeida. Uma das vítimas seria a também ministra Anielle Franco, o que por si só já seria motivo de grande estardalhaço, mas a imprensa entrou cautelosa no caso. Fala em “acusações”, “investigações”, etc. Sem prejulgar ninguém. Como deve ser!

Nada como um escândalo no quintal da casa dos paladinos da justiça social para evitar o estardalhaço da militância pedindo a cabeça do “machista assediador”. Ser ministro do governo Lula tem suas vantagens.

E este caso ainda conta com uma questão racial que o torna ainda mais delicado para a imprensa: o ministro, suposto autor do fato, e a ministra, suposta vítima, são negros. Parece coisa de direita apontar o dedo para um negro e acusá-lo sem provas de um crime. Só que parece coisa de direita também questionar a palavra de uma mulher negra que se diz vítima de um crime sexual. Deve ter dado tela azul do Windows na cabeça da militância.

Do ponto de vista técnico, eu já adianto uma coisa: não existe crime de assédio sexual se não houver hierarquia entre os cargos. Se os 2 são ministros e, portanto, ele não é chefe dela, não há crime de assédio sexual.

Aliás, esta expressão “assédio” não diz nada. O que ele teria feito extamente? Comentários inapropriados? Tentou forçar um beijo? Tentou obrigá-la a um ato sexual? A imprensa precisa fazer o seu trabalho e pedir pra quem acusa especificar melhor a acusação. Acusar um homem de “assédio” é muito grave, pois quem lê pensa sempre no pior. E muitas vezes estão chamando de assédio, abordagens que, por mais vulgares e inapropriadas que sejam, não são crimes.

Vamos aguardar maiores detalhes sobre o caso. As investigações certamente correrão sobre segredo de justiça, mas como ambos ocupam cargos no alto escalão da república, há evidente interesse público em se saber detalhes sobre o caso. Resta torcer para que a mídia brasileira adote este mesmo tom discreto e cauteloso em futuros casos de acusação de “assédio sexual”, independentemente do partido ou da etnia dos envolvidos.

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