Impacto dos juros

CUSTO DE CAPITAL: POR QUE TAXA DE JUROS ACIMA DE 15% CONGELA OS INVESTIMENTOS PRODUTIVOS?

Quando as taxas de juros ultrapassam 15% ao ano, o impacto no custo de capital das empresas vai muito além do custo de endividamento (capital de terceiros).

Elas afetam diretamente o custo do capital próprio, tornando os investimentos produtivos menos atrativos e, muitas vezes, inviáveis.

Como os juros afetam o custo do capital próprio?

O custo do capital próprio é a taxa de retorno que os acionistas esperam ao investir em uma empresa.

Em um ambiente de juros altos, os investidores têm alternativas mais seguras e com bom retorno, como títulos públicos que pagam 15% ou mais ao ano.

Para que o mercado continue disposto a investir em ações ou projetos empresariais, as empresas precisam oferecer um retorno proporcionalmente maior, aumentando seu custo de capital próprio.

Por exemplo, imagine uma empresa que tradicionalmente oferece retorno de 12% ao ano para seus acionistas.

Com a taxa de juros a 15%, esse retorno passa a ser insuficiente para competir com as alternativas de renda fixa.

Os investidores demandam retornos mais altos, forçando a empresa a buscar projetos extremamente lucrativos ou a enfrentar dificuldades para captar recursos.

O resultado é que muitas empresas postergam ou abandonam investimentos, agravando a desaceleração econômica.

O custo total de capital (WACC, na sigla em inglês) de uma empresa é composto pela média ponderada do custo do capital próprio e do capital de terceiros.

Com juros elevados:
A) O custo do capital de terceiros aumenta, porque empréstimos e financiamentos ficam mais caros.
B) O custo do capital próprio também sobe, porque os acionistas exigem um prêmio maior para compensar o risco.

Essa combinação eleva o WACC a níveis insustentáveis, tornando muitos projetos inviáveis.

Por exemplo, projetos com retorno esperado de 10% a 12%, que seriam lucrativos em um cenário de juros baixos, se tornam incapazes de superar o novo custo de capital, levando ao cancelamento de investimentos.

Com o custo de capital total elevado, empresas cortam gastos, adiam expansões e deixam de criar novos empregos.

Além disso:
A) Setores de longo prazo (como infraestrutura e inovação) são os mais prejudicados, pois demandam grandes volumes de capital e só geram retornos após muitos anos.
B) Mercado de capitais desacelera, com menos IPOs e ofertas secundárias, já que captar recursos de acionistas se torna caro.

Assim, juros acima de 15% criam uma pressão dupla: aumentam o custo do capital de terceiros e também do capital próprio, tornando o custo total de capital insustentável.

O resultado é a paralisação de investimentos produtivos e uma economia que privilegia o rentismo em vez do crescimento.

Para reverter isso, é fundamental reduzir gradualmente os juros, e esta queda de juros não vai cair do céu.

Precisamos ter as contas públicas ajustadas.

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