Decisão do Copom Ontem, o Banco Central divulgou a decisão tomada pelo Copom a respeito da taxa básica de juros, a SELIC.
A decisão foi de manter a taxa inalterada, ou seja, em 13,75% ao ano. O comitê ressaltou acerca dos riscos de alta e de baixa para a inflação doméstica. Entre os riscos de alta para o cenário inflacionário e as expectativas de inflação, destacaram a maior persistência das pressões inflacionárias globais, a incerteza sobre o futuro do arcabouço fiscal do país e estímulos fiscais adicionais que impliquem sustentação da demanda agregada. parcialmente incorporados nas expectativas de inflação e nos preços de ativos e um hiato do produto mais estreito que o utilizado atualmente pelo Comitê em seu cenário de referência, em particular no mercado de trabalho. Este último critério merece destaque. Ontem, o CAGED já havia indicado que o ritmo de crescimento de ofertas havia sido maior do que o esperado.
Hoje mais cedo, o IBGE divulgou a taxa de desemprego no país. Novamente, houve redução da taxa de desemprego. Desta vez, o valor passou de 8,9% para 8,7%. Além disso, como dissemos ontem, a inflação do setor de serviços se mantém resistente ao aumento dos juros. Por outro lado, entre os riscos de baixa, o Copom ressaltou sobre a eventual queda adicional dos preços das commodities internacionais em moeda local, uma desaceleração da atividade econômica global mais acentuada do que a projetada e a manutenção dos cortes de impostos projetados para serem revertidos em 2023. Impacto do Cenário Externo Chama a atenção a relevância dada ao cenário externo. Inclusive, o BCB ressaltou sobre a maior sensibilidade dos mercados a fundamentos fiscais, inclusive em países avançados. De fato, principalmente na Europa, é observado uma sequência de exonerações fiscais como tentativa de conter os efeitos adversos da inflação descontrolada que afeta o continente. Todavia, o Bacen diz que “o ambiente externo mantém-se adverso e volátil, com revisões negativas para o crescimento global e aumento da volatilidade nos ativos financeiros”. De fato, há a continuidade da alta volatilidade.
Todavia, o PIB divulgado hoje pelos EUA demonstra que a economia ainda se mantém resiliente. O resultado apontou para o crescimento de 2,6% anualizado no 3T22. Da mesma forma, apesar de estar abaixo da meta de 5,0%, o PIB chinês de 3,9% na comparação A/A divulgado recentemente demonstrou que a economia ainda se sustenta após a crise imobiliária. Assim, acreditamos que os riscos de alta de inflação se mantêm mais presentes sobre a economia doméstica do que os de baixa. Mesmo assim, o BCB não deve aumentar os juros.
Todavia, a projeção realizada pela autoridade monetária e reforçada pelo seu presidente, Campos Neto, deve ser mantida, ou seja, a baixa dos juros deve somente iniciar a partir do 2S23.