À noite, as grandes cidades chinesas revelam algo surpreendente e desolador: inúmeros edifícios totalmente escuros e vazios — e completamente mortos.
E não são edifícios recém-construídos, que apenas estariam esperando a mudança de novos moradores; são edifícios completamente desabitados e que nunca foram usados.
Mas isso não ocorre só com edifícios. Há cidades inteiras desertas, bem como estradas grandiosas e modernas sem nenhum carro circulando por elas.
Tudo isso revela algo de importante sobre a natureza do recente milagre econômico chinês: ele é fundamentalmente falso e sem solidez.
A economia chinesa se baseia majoritariamente em projetos criados e financiados pelo estado (via subsídios diretos ou crédito barato fornecido por bancos estatais). Não é um exagero dizer que a economia chinesa é um projeto keynesiano de criação de empregos artificiais em larga (e escandalosa) escala.
Tais projetos estão tão longe de uma genuína criação de valor quanto qualquer empreendimento de cunho keynesiano.
O que ocorre na China é um perfeito exemplo de destruição de capital e de desperdício de recursos escassos, os quais estão sendo imobilizados em algo que não é usado e que não está gerando renda e riqueza para ninguém. Tais construções são um monumento à irracionalidade econômica.
E tudo isso criou uma casta de favorecidos (empresas ligadas ao estado) e um exército de empobrecidos (os que têm de bancar tudo isso).
Ao mesmo tempo em que os arranha-céus emergem nas grandes cidades, as pessoas se aglomeram em favelas à sombra destes mesmos arranha-céus. Do topo de um hotel de luxo construído exclusivamente para executivos ocidentais, a vista é um tanto sombria em cidades como Hangzhou ou Wuxi. Tudo é uma fachada.
Ao passo que as principais ruas das cidades são iluminadas e vibrantes, com inúmeros comércios, ao redor delas há um sem número de favelas totalmente às escuras já por volta de 8 da noite de um sábado. Desta mesma vista do topo do hotel é fácil identificar os trechos da cidade que os planejadores centrais querem que os turistas estrangeiros utilizem: são aqueles únicos que possuem iluminação em meio a todo o resto escuro da cidade.
A China segue um modelo econômico não tem semelhança a nenhum outro já adotado por algum país na história do mundo. Sua economia é uma mistura maluca de empreendedorismo individual, investimentos subsidiados e dirigidos pelo governo, mercantilismo keynesiano, e planejamento central comunista.
Com efeito, a história do desenvolvimento econômico da China é uma história de crescimento insustentável mirando apenas os números do PIB. Há uma visível falta de criação de valor, de acumulação de capital e de empreendedorismo voltado à satisfação das necessidades da população.
Por isso, o país ensina uma lição valiosa: é de crucial importância distinguir entre uma produção voltada para a criação de valor e uma produção que apenas destrói capital.
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