A INDÚSTRIA DA FOME E AS SUAS VANTAGENS E CONVENIÊNCIAS

*Artigo opinativo e crítico

No mercado em geral as coisas funcionam assim, toda a vez que é identificada uma dor ou necessidade humana de consumo, logo, arranjos de empreendedorismo surgem para sanar ou amenizar essa dor ou necessidade. Isso ocorre, evidentemente, em troca de pagamento. Portanto, de um lado há uma necessidade ou anseio por ser resolvido e, do outro a recompensa obtida pelo lucro.

Tudo isso acontece de forma natural, no chamado mercado livre e acontece o tempo todo, sem mesmo tenhamos consciência. O que nos possibilita que o uso da criatividade e da engenhosidade humana sejam premiados, já que estes são as molas propulsoras para a resolução de várias problemáticas sanadas pela economia, sim, é simples assim!

Em uma cozinha comum podemos ter vários exemplos do resultado do comportamento do mercado, como o refrigerador, que foi inventado para conservar alimentos e o liquidificador, usado para misturá-los e por aí vai! Embora sejam triviais hoje, imagine se não tivéssemos esses equipamentos, como no caso da geladeira? O mesmo aconteceu com a lâmpada, criada por Thomas Edson, que transformou a sociedade e a maneira como vivemos. Pense comigo, o quanto a humanidade avançou por ter tido acesso fácil a essa invenção, embora hoje tão banal, de ter iluminação a qualquer tempo e a baixo custo.

Pois é, o seu Dondinho de tão maravilhado que ficou com a chegada da luz em sua cidadezinha, no interior de Minas Gerais, na década de 40, na século passado, quis homenagear o inventor estadunidense, colocando seu nome em seu filho, um tal de Edson Arantes do Nascimento, este que, provavelmente, tenha sido a “maior invenção” do seu Dondinho e, quiçá, toque de mestre do Criador, que nos prestigiou com abissal talento derramado nesta criança, que virou o “rei do futebol!”

 

Portanto, assim como a arte imita a vida, embora neste caso ressalto que a história é real! Quando falo de “arte” estou dando um sentido romântico a ficção de nossos políticos, como explicarei a seguir.

A política “eleitoreira”, como acontece no mercado, percebeu as enormes vantagens e incentivos, de se explorar uma grande e cruel necessidade e realidade humana, a fome!

Destaca-se que a fome tem dois grandes anseios emocionais, que são a fonte dourada para esse “mercado da política”.

O primeiro, é claro, dá-se na necessidade fisiológica do ser humano em se alimentar, que por consequência gera o segundo, o anseio emocional. Já o segundo, é gerado também nos demais indivíduos (terceiros), além do alimentado, impactados por empatia, compaixão, dor de consciência ou outros motivos que, de alguma forma, provoca um “espírito coletivo de solidariedade.”

Contudo, há um problema aqui, vez que diferentemente do que acontece no mercado real, em que anseios e demandas humanas são atendidas em um ciclo “natural” pelos agentes do mercado, em que, a “missão do vendedor é entregar a solução para o comprador”, no “mercado fictício” ou eleitoreiro, há uma intenção diversa da almejada pelo mercado real, visto que se a fome efetivamente sanada, logo, acabaria com esse mercado eleitoreiro por inteiro. Pois, diferentemente, da economia normal que se transforma gradualmente e acompanha organicamente as mudanças na sociedade, o “mercado político da fome” vive exclusivamente desta, como um parasita vive de seu hospedeiro, ao passo que o fim da fome resultaria no fim inexorável dessas políticas públicas de assistencialismo focadas para “combater” a este nicho específico de necessidade social humana.

Portanto, podemos concluir tranquilamente que não há incentivos reais, para se sanar definitivamente com a “dor da fome!”

Pois, o que vale realmente, no “mercado da fome”, advindo do Estado é manter o ciclo, demonstrando ao seu cliente (pagador de impostos e eleitor), que está proporcionando uma “solução ao problema”, todavia, na verdade, o que se entrega são resultados paliativos semelhantes aos proporcionados para tratar de um câncer em estágio terminal.

Daí você me perguntaria, qual então seria a diferença prática do “mercado real” e do “mercado eleitoreiro”, já que “aparentemente” ambos não desejariam que o consumo acabasse, certo?

Em parte, sim, a princípio ambos desejam que seu mercado de consumo jamais viesse a se esgotar, mas, há um abismo de diferença entre ambos os “sistemas”.

 

A fonte de pagamento e o incentivo!

 

No mercado real, pelo fato de o pagamento ser feito diretamente pelo próprio beneficiário do produto ou serviço e, tal condição se revela crucial para que o prestador realmente sane a dor do consumidor. Do outro lado, inexiste no “mercado eleitoreiro” a concorrência, já que se um prestador no mercado privado não entregar o resultado efetivo, outro provavelmente o fará, o que ocorre na economia real. Já por não existir concorrência na fábula estatal e, tal realidade o faz inegavelmente um “ser ineficiente” por obviedade.

 

Recordemos que no mercado privado, caso o prestador efetivamente não sane a dor do consumidor, como individuo, logo, não receberá seu pagamento. Já no mercado do Leviatã, não há esse valioso incentivo, uma vez que quem paga o “prestador”, ou seja, o Estado para que este realize o serviço público ou entregue algo é uma miríade de milhares de indivíduos, logo, a fiscalização do consumidor tende a virar fumaça mais facilmente!

 

Portanto, enquanto em um mundo, no real e funcional, há uma clara simetria entre a prestação e uma contraprestação (pagamento = entrega de produto ou serviço), além de concorrência, no outro universo há uma promessa incerta e longínqua de entrega e a sua contraprestação certa do pagamento (coerção estatal por meio da tributação que nunca é voluntária), logo, basta alguns neurônios para concluir qual dos mundos funciona melhor.

 

Contudo, mesmo assim, políticos se valem desse infeliz e fracassado processo de política de combate a fome, prometendo acabar com essa tragédia humana, o que nunca acontece na verdade e, aliás, o contrário se faz presente, pois a miséria além de permanecer no cenário macro, quando no olhar otimista apenas se reduz e, não significativamente.

Mas, então por que não se liquida com a fome? Não conseguem acabar com a miséria, já que se conta com tantos recursos, provenientes dos impostos, arrancados a força, da população economicamente ativa?

Caro eleitor, a resposta é simples e já foi dada, para os mais atentos.

 

O incentivo (ou a falta dele)!

 

Na inciativa privada o incentivo é sanar a dor do cliente (no caso entregar comida em troca de dinheiro ou educação…), já no Estado se a fome acabasse, logo, acabaria um arcabouço de políticas públicas destinadas para este fim, ou seja, muita verba, muitíssimo dinheiro fácil, para uma série de cargos, empresas, ongs, associações vinculadas a essas políticas de “combate a fome”. Mais, como ficaria a bandeira eleitoreira dos políticos, que se valem dessa política populista, que no fim não tira o povo da miséria, ao contrário, os mantem propositadamente nela?

Para um eleitor com analfabetismo funcional é sedutor prometer dinheiro, gás, internet, passagens áreas, cinema, arte, dentre outras coisas de “graça”! Ora, se “este político está prometendo mais que o outro, então vou votar nele!” Infelizmente, esse é o pensamento ignorante e alienado da realidade atual (acredito que já foi pior) que muitos têm e, que boa parte de nossa classe política trabalha para que justamente sua massa de manobra se mantenha seu status quo.

 

Elvis Davantel, pensador, enquanto ainda se pode pensar.

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