O ser humano é um ser sociável e que em regra vive em sociedade, de forma que viver em sociedade é adequar-se aos costumes e cultura de um povo, na maioria das vezes adotar um estilo de vida consoante ao lugar ao qual habita, e normalmente ao indivíduo que propor-se a viver de forma diversa aos costumes sociais, cabe-lhe não somente a pena de sofrer os mais dolorosos processos de exclusão, fator inconsciente de coação ao comportamento atípico do indivíduo com o fim de moldar o comportamento “inadequado” ao meio social.
A partir da homogeneização do pensamento social dos indivíduos, é estabelecido certa linha de raciocínio que passa a ser normal, e adotado como conduta do meio social. Em meio a breves e simplistas considerações, surge uma importante indagação; como surgem os padrões e modelos dos comportamentos sociais? Antes de quaisquer considerações, é importante salientar que o objetivo a ser explorado, de modo algum tende à desordem social, entretanto o que é pretendido, é conduzir à reflexão de que os moldes sociais são pré-fabricados com o interesse/fim de possibilitar a manutenção das estratificações.
Retomando a cognição supramencionada, cabe citar o seguinte trecho do livro 1984 (George Orwell)
“Eram quase onze da manhã, e no Departamento de Documentação, onde Winston trabalhava, já arrastavam as cadeiras para fora das estações de trabalho para reuni-las no centro do salão, na frente da grande teletela, nos preparativos para os Dois Minutos de Ódio.”
Esta referência é significativamente adequada para exemplificar a construção de um costume e elaboração do pensamento induzido, os “Dois Minutos de Ódio” nitidamente um ato repetido diariamente, pela nomenclatura fica evidente que não é empregado muito tempo a este momento, todavia é um evento inadiável e inegociável a sua realização, para além da ficção, no “mundo real”, isso ocorre não necessariamente em dedicar um tempo exclusivo para este ou aquele fim, implicitamente demonstra a construção do pensamento irracional (os pensamentos para que se façam racionais devem ser compreendidos pelos indivíduos, não apenas pensados ou assimilados, por isso a importância de compreender a concepção do pensamento, e o no que implica tais pensamentos), o mecanismo utilizado pode ser assemelhado a “lavagem cerebral”, que a pessoa consciente ou inconscientemente internaliza determinada ideia e a torna como padrão para aquele comportamento social.
Assombrosamente o que ocorre no livro 1984 tem se tornado realidade no decurso desta Época, os poderosos conseguiram criar “Os dois Minutos de Ódio”, os cidadãos não sabem o motivo pelo qual odeiam outras pessoas, e para uma melhor satisfação do indivíduo, foi incrementado em nossos tempos, a falsa sensação de entender o motivo do ódio, entretanto é apenas produto de uma ficção forjada para controle social das populações, os Súditos vangloriam-se em ser signatários dos planos dos poderosos, ferozmente defendem ideais que são para manutenção dos poderosos no poder, engajam-se para exaltação “da verdade absoluta” que é apresentada pelos poderes, chegam a considerar seus concidadãos como parte inimiga da “ordem e da verdade”.
Minimamente é assustador o confronto social das partes, quando o mais ideal deveria ser a parte, pois a provocação da divisão da sociedade (o cunho que se refere às estratificações sociais, não considera-se tão somente o fator econômico), é um produto idealizado e mantido pelos poderosos com o fim de manter o controle por meio do caos social, de certo que muitos defendem a ideia de que a sociedade nunca será homogenia em relação a interação das classes, contudo este fator não é óbice para chegar ao raciocínio lógico e epistemológico de que as diferenças de classes não é motivo para ódio de um para com outro, e ainda não impedem que a sociedade atue para o bem de todos, e não para o benefício de pessoas específicas, para alcançarmos a solução para este e outros conflitos sociais, é necessário ainda percorrer um longo caminho da jornada da evolução social, que nunca ocorrerá enquanto a sociedade digladiar entre si, em seu próprio detrimento, e em favor dos poderosos.
Das letras eu sou o “h”.