Em entrevista ao AgroMais comentei a última medida protecionista de Trump, desta vez contra aço e alumínio, o que atinge diretamente o Brasil (o seu 2o maior exportador). Seguem algumas de minhas observações:
“Isso não se trata apenas de comércio. Trata-se de garantir que os Estados Unidos nunca precisem depender de nações estrangeiras para indústrias essenciais como aço e alumínio”, comentou Peter Navarro, conselheiro para Comercio da administração Trump.
Fica claro que estas medidas fazem parte de um populismo político que reforça o discurso de ameaça nacional, opondo-se à ideia da globalização. Fechar fronteiras não é apenas para imigração.
A “boa notícia” é que ele já fez isso no governo anterior, portanto não surpreendeu.
Durante o primeiro governo Trump, os EUA recorreram à exceção de segurança nacional do GATT para impor tarifas e proteger indústrias domésticas, como aço e alumínio.
O uso dessa exceção gerou controvérsias, com parceiros comerciais, incluindo a UE, defendendo uma interpretação mais restrita para evitar a erosão do sistema de comércio baseado em regras da OMC. A retaliação veio.
As tarifas aumentam as incertezas e os riscos de investimentos e negócios com os Estados Unidos e interrompem a eficiência e integração dos mercados globais.
Para os exportadores, a nova medida os torna menos competitiva os no mercado americano, levando-os a buscar mercados alternativos para exportação.
Ao mesmo tempo, quem importa dos EUA pode tentar se esquivar de uma guerra comercial com retaliações reciprocas e optar por outros fornecedores. Oportunidades para o Brasil
Nos Estado Unidos, setores ligados à produção de aço devem aquecer suas atividades, gerando maior faturamento e aumentando as contratações (foi assim em 2018).
Por outro lado, as indústrias que usam insumos importados terão seus custos de produção aumentados, o que aumenta a pressão sobre a manutenção de empregos.
O grande perdedor é o consumidor que pagará mais caro e terá que lidar com uma pressão inflacionaria na economia, como um todo.
Fato é que política comercial quase sempre tem efeitos distributivos significativos, e qualquer mudança nela representa uma escolha para beneficiar alguns grupos em detrimento de outros.
(Em tempo: em 2024, o setor do Aço brasileiro fez um lobby forte junto ao governo para tentar conter o aumento das nossas importações de aço. O nosso governo cedeu e aumentou em até 25% as alíquotas de 11 produtos de ferro e de aço).
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